Entre os grandes autores da literatura francesa do século XIX, podemos encontrar os nomes de Emile Zola, Gustav Flaubert, Victor Hugo e Honore de Balzac. Ensaios e artigos não se cansam de tecer elogios a esses autores, destacando a importância deles no desenvolvimento da escrita do romance. É curioso que Alexandre Dumas, embora, também tenha dado sua contribuição para a arte romanesca, não ocupe um lugar no Olimpo literário francês e, apesar da fama de textos creditados a ele, tais como Os três moqueteiros e, principalmente, O Conde de Monte Cristo e seja considerado um autor menor.
Alguns argumentos justificam essa exclusão e ambos são discutíveis: o primeiro é que Dumas é por demais "folhetinesco". Os críticos acusaram o autor de manipular as emoções do leitor, por meio da criação de tramas mirabolantes e pouco verossímeis, cheia de lances surpreendentes, que fugiam dos aspectos "realistas" e também a noção de moralidade, um elemento considerado importante para a boa literatura no século XIX.
Outro argumento que pesa na avaliação da produção literária de Dumas é que ele não escreveu sozinho suas principais obras. Levantou-se a hipótese que até mesmo seus textos mais conhecidos, incluindo as obras acima mencionadas teriam sido escritos com a ajuda de um autor colaborador.
Hoje, parece, que esses dois argumentos, principalmente, o primeiro não se justificam mais. No caso do primeiro sua defesa cai por terra, porque no século XIX, grande parte da produção literária era folhetinesca, uma vez que outros autores, tais como Charles Dickens e Fiodor Dostoévisk (um inglês e outro russo) publicaram suas histórias sob forma de folhetim, ou seja, divida em em capítulos em jornais e revistas literárias. Assim se tornava necessário a criação dos chamados "ganchos" para prender a atenção do leitor, de modo que ele se interessasse em continuar lendo a história na semana seguinte.
Mesmo a questão do "ghost writter" permanece em aberto. Embora Dumas fizesse uso de colaboradores, é inegável que suas obras tivessem sua assinatura, principalmente pela presença em sua escrita de dois elementos marcantes: a enfase nas cenas dramáticas, que denotam a influência da linguagem teatral sobre o autor e os personagens às vezes ambiguos, como é o caso de Edmund Dantés.
O Conde de Monte Cristo continua sendo reconhecido merecidamente como um clássico. Muitos autores anteriores a Dumas escreveram sobre o tema da vingança, tais como William Shakespeare, mas poucos conseguiram explorar o tema tão bem como Dumas. O autor não só faz com que o personagem central de sua obra, Edmund Dantés se vingue de seus inimigos, mas também com grande habilidade demonstra as implicações de seus atos terríveis sobre si mesmo. Dessa forma, a vingança tem uma mão dupla no romance de Dumas: ela provoca satisfação, mas também é causa de angústia e até mesmo tristeza para o protagonista.
Assim, Edmund Dantés ao encarnar o mítico Conde de Monte Cristo se torna um herói byroniano, que visa aniquilar aqueles que acredita ter sido responsáveis por sua ruína, embora, se esqueça que ao fazer isso, também acabe causando sofrimento a pessoas inocentes, tais como sua amada Mercedes e os filhos de seus inimigos.
É o aspecto tramático da obra de Dumas, que tem suas origens no teatro e não literatura como alguns pensam, que faz de O Conde de Monte Cristo uma obra tão poderosa, em que o protagonista em grande parte do tempo, oscila entre os tênues limites que separam o bem e o mal.
É importante ressaltar o aspecto gótico do romance enfatizado na descrição de Dantés em sua segunda parte, de modo a torná-lo uma figura quase sobrenatural e também na casa de seu arqui inimigo o juiz Danglais, que esconde um segredo do passado terrível, de desfecho inesperado.
Curiosamente, são as inverossimilhanças, que também contribuem para que texto de Dumas se torne ainda mais interessante. A ilha desconhecida e descrita com contornos mágicos que remete às histórias das Mil e Uma Noites - uma visível influência do Orientalismo que estava na moda na Europa quando o romance foi publicado - e a capacidade de Dantés de aparecer e desaparecer de forma quase mágica dão a esta obra um caráter cinematográfico e até mesmo inovador para sua época.
Mesmo sendo folhetinesco, O Conde de Monte Cristo, com suas reviravoltas surpreendentes e seus lances de aventura e suspense não deixa de ser um livro cativante, do tipo que o leitor dificilmente vai conseguir parar de ler. Acima de tudo, essa obra demonstra que Dumas além de escritor, era um exímio contador de histórias e como tal é capaz de aguçar nossa imaginação, o que não é pouco para um autor "menor", mas que consegue manter seu nome vivo até a época atual, principalmente, por meio dessa obra vibrante que pela forma como explora seu principal tema -a vingança, nunca perde sua atualidade, mantendo-se imortal e imune a ação do tempo.
cotação: *****
Alguns argumentos justificam essa exclusão e ambos são discutíveis: o primeiro é que Dumas é por demais "folhetinesco". Os críticos acusaram o autor de manipular as emoções do leitor, por meio da criação de tramas mirabolantes e pouco verossímeis, cheia de lances surpreendentes, que fugiam dos aspectos "realistas" e também a noção de moralidade, um elemento considerado importante para a boa literatura no século XIX.
Outro argumento que pesa na avaliação da produção literária de Dumas é que ele não escreveu sozinho suas principais obras. Levantou-se a hipótese que até mesmo seus textos mais conhecidos, incluindo as obras acima mencionadas teriam sido escritos com a ajuda de um autor colaborador.
Hoje, parece, que esses dois argumentos, principalmente, o primeiro não se justificam mais. No caso do primeiro sua defesa cai por terra, porque no século XIX, grande parte da produção literária era folhetinesca, uma vez que outros autores, tais como Charles Dickens e Fiodor Dostoévisk (um inglês e outro russo) publicaram suas histórias sob forma de folhetim, ou seja, divida em em capítulos em jornais e revistas literárias. Assim se tornava necessário a criação dos chamados "ganchos" para prender a atenção do leitor, de modo que ele se interessasse em continuar lendo a história na semana seguinte.
Mesmo a questão do "ghost writter" permanece em aberto. Embora Dumas fizesse uso de colaboradores, é inegável que suas obras tivessem sua assinatura, principalmente pela presença em sua escrita de dois elementos marcantes: a enfase nas cenas dramáticas, que denotam a influência da linguagem teatral sobre o autor e os personagens às vezes ambiguos, como é o caso de Edmund Dantés.
O Conde de Monte Cristo continua sendo reconhecido merecidamente como um clássico. Muitos autores anteriores a Dumas escreveram sobre o tema da vingança, tais como William Shakespeare, mas poucos conseguiram explorar o tema tão bem como Dumas. O autor não só faz com que o personagem central de sua obra, Edmund Dantés se vingue de seus inimigos, mas também com grande habilidade demonstra as implicações de seus atos terríveis sobre si mesmo. Dessa forma, a vingança tem uma mão dupla no romance de Dumas: ela provoca satisfação, mas também é causa de angústia e até mesmo tristeza para o protagonista.
Assim, Edmund Dantés ao encarnar o mítico Conde de Monte Cristo se torna um herói byroniano, que visa aniquilar aqueles que acredita ter sido responsáveis por sua ruína, embora, se esqueça que ao fazer isso, também acabe causando sofrimento a pessoas inocentes, tais como sua amada Mercedes e os filhos de seus inimigos.
É o aspecto tramático da obra de Dumas, que tem suas origens no teatro e não literatura como alguns pensam, que faz de O Conde de Monte Cristo uma obra tão poderosa, em que o protagonista em grande parte do tempo, oscila entre os tênues limites que separam o bem e o mal.
É importante ressaltar o aspecto gótico do romance enfatizado na descrição de Dantés em sua segunda parte, de modo a torná-lo uma figura quase sobrenatural e também na casa de seu arqui inimigo o juiz Danglais, que esconde um segredo do passado terrível, de desfecho inesperado.
Curiosamente, são as inverossimilhanças, que também contribuem para que texto de Dumas se torne ainda mais interessante. A ilha desconhecida e descrita com contornos mágicos que remete às histórias das Mil e Uma Noites - uma visível influência do Orientalismo que estava na moda na Europa quando o romance foi publicado - e a capacidade de Dantés de aparecer e desaparecer de forma quase mágica dão a esta obra um caráter cinematográfico e até mesmo inovador para sua época.
Mesmo sendo folhetinesco, O Conde de Monte Cristo, com suas reviravoltas surpreendentes e seus lances de aventura e suspense não deixa de ser um livro cativante, do tipo que o leitor dificilmente vai conseguir parar de ler. Acima de tudo, essa obra demonstra que Dumas além de escritor, era um exímio contador de histórias e como tal é capaz de aguçar nossa imaginação, o que não é pouco para um autor "menor", mas que consegue manter seu nome vivo até a época atual, principalmente, por meio dessa obra vibrante que pela forma como explora seu principal tema -a vingança, nunca perde sua atualidade, mantendo-se imortal e imune a ação do tempo.
cotação: *****
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