Assisti ontem o remake
de “Carrie: a estranha”. Mais uma vez, pude comprovar que este não é um bom
momento para o terror no cinema. Me parece que este gênero conseguiu se renovar
na tv, conforme podemos ver em Penny
Dreadful, mas com exceção do ótimo “Invocação do Mal”, o terror não sido
bem explorado no cinema, principalmente, nas produções de Hollywood.
Achei esta nova versão de "Carrie" decepcionante. Os problemas dessa produção começam na escolha da diretora Kimberly Peirce, conhecida pelo drama "Meninos não choram". "Carrie" é o tipo de filme que devido aos seus elementos carregados exige
um diretor especialista em terror. É possível que se esse filme tivesse sido
feito por Guilherme Del Toro o resultado teria sido diferente, não só porque ele sabe como criar atmosferas de terror de forma convincente, mas também porque seria capaz de dar uma dimensão humana a
personagem principal ressaltando seu aspecto trágico, o que infelizmente a diretora
não consegue.
O elenco jovem também não se destaca e grande parte dos atores são muito fracos. Foi um erro a escalação de Chloe Moretz para ser a protagonista, uma vez que ela é bonitinha, mas não tem estofo dramático para conseguir sustentar nos momentos mais intensos do filme. No clássico de De Palma, a atriz Sisy Spacek tem uma aparência esquisita, que sinaliza que tem algo muito errado nela e sua interpretação é cheia de nuances, variando entre a extrema timidez e a doçura.
Essa estranheza é o que faz falta nesta refilmagem, que mostra Carrie como se ela fosse uma garota quase normal, que nem um momento é vista como uma "freak" (aberração) pelos outros alunos da escola. No filme de De Palma, Carrie é reprimida sexualmente e é vítima constante de bullying - dois fatores que somados dão margem para a manifestação de seus poderes sobrenaturais. A junção desses dois elementos -a repressão sexual e os maus tratos sofrido por Carrie é gradativamente explorada pelo diretor, de modo a ter um efeito explosivo em um determinado momento do filme.
Peirce se revela uma diretora limitada dando pouca atenção ao que se passa em torno de Carrie e prefere se ater ao conflito entre ela e sua mãe, enfraquecendo outras situações e personagens que poderiam ser melhor explorados. Um exemplo disso, é a maquiavélica cheeleader que arma contra Carrie, que tem grande destaque no filme original, interpretada pela deliciosa Nancy Allen,- mulher do diretor à época, mas aparece pouco na versão atual.
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