Esta breve exposição é
muito pequena para sintetizar todo o processo de transformação e evolução do
romance gótico inglês durante os séculos XVIII e XIX. Nesta, procurei destacar,
acima de tudo, aqueles que são apontados como os principais textos inseridos no
gótico e que por meio de suas significativas contribuições possibilitaram sua
permanência e continuidade até a época atual. Vale ressaltar que a literatura
gótica é um constante influencia para autores dos séculos XX e XXII. Assim, ela
se renova e combina em outros gêneros literários em textos de autores tais como
Angela Carter, Ann Rice, Stephen King e Neil Gaiman. Além disso, conforme
salientei não pode ser descartada a possibilidade de que o gótico tenha
sobrevivido porque em uma época deixou de ser um gênero e passou a ser um
estilo, o qual foi se misturou a outros tipos de literatura e, até mesmo na
época atual, parece estar presente nos romances policiais noir, tramas de suspense e, até
mesmo na Ficção Científica, a exemplo dos contos de H. P. Lovecraft e contos de
subgênero chamado “espada e feitiçaria” ambientados em uma era mítica e protagonizados
pelo bárbaro Conan, os quais foram escritos por Robert E. Howard.
Também pode se cogitar a possibilidade que o
gótico como um estilo tenha se espalhado para outras expressões artísticas tais
como a pintura, a música e o cinema, e nessa última, tenha se manifestado com
grande força na configuração da estética do cinema expressionista alemão. Um
exemplo disso é o primeiro filme sobre o tema do vampirismo, Nosferatu: uma sinfonia de horror (1921),
de Fredrich Murnau, em que se destacam os cenários iluminados em um contraste
entre o claro e o escuro, visando produzir uma sensação de ameaça,
estranhamento e perigo no espectador.
Portanto, é possível afirmar que o gótico,
seja como gênero ou, estilo continua existindo na literatura e nas artes em
geral, destacando-se dentre elas, o cinema, a exemplo dos filmes de Tim Burton,
Guilhermo Del Toro, Sam Raimi e outros cineastas, e, assim, perpetua-se em um
constante processo de transformação e mudança.
BIBLIOGRAFIA:
ARGEL, Martha; MOURA, Humberto
(org.). O vampiro antes de Drácula.
São Paulo: Aleph, 2009.
BOTTING, Fred. Gothic. New York: Routledge, 1996.
PUNTER, David. (ed.) A Companion to the Gothic. Oxford:
Blackwell Publishers, 2000, p. 281-292.
CARROL, Noël. A
filosofia do horror ou paradoxos do coração. Tradução: Roberto Leal
Ferreira. Campinas, SP: Papirus, 1999.
CAUSO, Roberto de Souza. Ficção científica, fantasia e horror no Brasil: 1875 a 1850. Belo Horizonte: Editora
UFMG, 2003.
FLORESCU, Radu; McNALLY, Raymond. Em
busca de Drácula e outros vampiros. São Paulo: Mercuryo, 1995.
HUGHES, William. Fictional Vampires in the Ninetieth and Twentieth
Centuries. In: PUNTER, David. (ed.) A Companion
to the Gothic. Oxford: Blackwell, 2000, p. 143-152.
JACKSON, Rosemary. Fantasy: The
Literature of Subversion. London: Taylor, 1981.
JEHA, Julio (org.). Monstros e a monstruosidade na literatura. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.
KAYE, Heide.Gothic Film. In: PUNTER, David. (ed.) A Companion to the Gothic. Oxford: Blackwell Publishers, 2000, p. 180-191.
KING, Stephen. Dança Macabra: O fenômeno do horror no
cinema, na literatura e na televisão dissicado pelo mestre no gênero. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2004.
PUNTER, David. (ed.) A Companion
to the Gothic. Oxford: Blackwell, 2000.
______. The Literature of Terror:
A History of Gothic Fiction from 1765 to the Present Day. London: Longman, 1980.
SHELLEY, Mary. Frankenstein. London: Penguin Classics,
2003.
SKAL, David. The Monster Show: a
Cultural History of Horror. New York: Farrar Straus & Giro, 1993.
STEVENSON, Robert, Louis. O Clube do Suicídio e outras histórias. Tradução: Andréa Rocha. São Paulo: Cosac Naify,
2011.
STOKER, Bram. Drácula. In: Frankenstein,
Drácula, o médico e o monstro. Trad.:
Adriana Lisboa. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário