O romance gótico surgiu na Inglaterra, por
volta da metade do século XVIII, e provocou uma ruptura nas regras estéticas
neoclássicas, que predominavam nessa época. A primeira obra considerada gótica, O Castelo
de Otranto (1764), inaugurou
uma nova estética dentro do âmbito da literatura, e sua origem se deu após o
escritor inglês Horace Walpole (1717-1797) ter um pesadelo, em que era
perseguido por uma gigantesca mão envolvida em uma luva de ferro dentro dos
corredores de um castelo em ruínas.
Segundo o Professor Ariovaldo José Vidal,
no prefácio que escreveu para essa obra de Walpole, as raízes do romance gótico
estavam espalhadas pela história literária e social inglesa, esperando que
alguém as recolhesse e lhe desse uma forma definida. Além disso, esse tipo de
literatura em sua natureza é essencialmente híbrida, uma vez que em O Castelo de Otranto, o autor
tentou conciliar o romanesco,
o qual evoca o maravilhoso medieval e retoma elementos recorrentes do romance
do século XVIII, dentre eles a minuciosa descrição de cenários e ações dos
personagens.
Dentre suas principais características, no
romance gótico inglês destaca-se pelo estilo de linguagem empregado pelos
romancistas, no qual é enfatizada a presença de um elemento ameaçador que no
plano concreto se revela terrível, mas que por estar inserido somente no plano
ficcional, suscita no leitor uma sensação de prazer. Assim, mais do que
instruí-lo com ensinamentos morais, esse tipo de literatura provoca nele uma
resposta emocional: excitar em vez de informar, “gelar” seu sangue, fortalecer
suas fantasias, e alimentar seu interesse pelo sobrenatural, horrível,
estranho, ou seja, tudo aquilo que não poderia ser explicado pelo raciocínio
lógico-científico.
Inicialmente, nos romances góticos
escritos na segunda metade do século XVIII, é muito recorrente o tema da
virtude em perigo, uma vez que a heroína é sempre ameaçada por um vilão de
origem aristocrática, que não mede esforços para mantê-la aprisionada em um
castelo em ruínas, geralmente localizado no alto de uma montanha. Também nessas
narrativas é construída uma contínua atmosfera de terror, ou o que é
popularmente conhecido como suspense, a qual procura prender a atenção dos
leitores por meio de supostas aparições sobrenaturais, mas que, posteriormente
são explicadas próxima ao desfecho. Nesse período, dentre os autores,
destaca-se a inglesa Ann Radcliffe (1764-1823) que devido à suas descrições
pictóricas em suas narrativas, nas quais se destaca a estética do sublime, ela
ficou conhecida em sua época como “a poetisa da literatura gótica”. Mas apesar
das contribuições de Radcliffe para a popularização do romance gótico, esse aos
poucos se esgota tornando-se um tipo de literatura menor e que encontrou
somente um fiel público leitor em mulheres que pertenciam à burguesia, uma vez
que para elas esse tipo de ficção era um modo de escapar às pressões
sociais.
eu gostei do texto
ResponderExcluirCaro Amigo Alessandro parabêns
um forte abraço