domingo, 5 de fevereiro de 2012

A literatura gótica: seu surgimento, as principais obras e seus desdobramentos (parte 02)

Vathek, de William Beckford (1760-1840), além de antecipar o excesso de sensibilidade que aparece em textos românticos de Percy Shelley (1792-1822) e Lord Byron (1788-1824), também promoveu a inserção na escrita gótica de elementos de horror e dos contos das Mil e Uma Noites.  Aqui, cabe fazer uma distinção entre o horror e o terror, embora na época atual e em outros países, dentre eles, a Espanha, ela praticamente não exista. Assim, é possível afirmar que o horror e terror ao logo do tempo parece ter assumido uma única significação na época atual. Contudo, segundo alguns estudiosos existem diferenças entre o terror e o horror, principalmente no que tange ao aspecto estético, digamos assim. Enquanto o primeiro está associado a um medo subjetivo, ou seja, que pode ou não se concretizar e por essa razão está associado à capacidade de cada um de discernir o que é real e o que é fantasia produzida pela imaginação, o segundo se manifesta por meio da descrição de uma cena que de tão terrível, é capaz de congelar o corpo e, de acordo com Anne Radcliffe diminuir nossa capacidade mental de pensar.         
O horror encontra sua melhor representação na nova fase do gótico, no romance O monge (1796), de Matthew Lewis (1775-1818), que não só provocou reações de temor, mas também causou polêmica entre os críticos literários e leitores na época de seu lançamento. No enredo deste, Lewis rompeu com a tradição Radcliffiana do “gótico explicado”, por meio da descrição de eventos sobrenaturais, que permanecem sem explicação em seu desfecho, e ambientou-a durante a Inquisição Espanhola, de modo a evocar os horrores e terrores dessa época. É também no final do século XVIII, que se iniciou na Inglaterra o movimento romântico, com a publicação da coletânea de poemas Lyrical Balads (1798), de autoria de Samuel Colerigde (1875-1912) e William Wordsworth (1770-1850). É por meio dessa obra, na qual Colerigde constrói atmosferas de terror e horror e retoma a ambientação medieval-romântica em Cristabel. Dessa forma, o discurso gótico começou a transformar-se e, posteriormente dá origem àquele que é considerado o maior romance gótico-romântico: Frankenstein, ou O Moderno Prometeu (1818), da escritora Mary Shelley (1797-1851).


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