Vathek, de William Beckford (1760-1840), além de
antecipar o excesso de sensibilidade que aparece em textos românticos de Percy
Shelley (1792-1822) e Lord Byron (1788-1824), também promoveu a inserção na
escrita gótica de elementos de horror e dos contos das Mil e Uma Noites. Aqui,
cabe fazer uma distinção entre o horror e o terror, embora na época atual e em
outros países, dentre eles, a Espanha, ela praticamente não exista. Assim, é
possível afirmar que o horror e terror ao logo do tempo parece ter assumido uma
única significação na época atual. Contudo, segundo alguns estudiosos existem
diferenças entre o terror e o horror, principalmente no que tange ao aspecto
estético, digamos assim. Enquanto o primeiro está associado a um medo
subjetivo, ou seja, que pode ou não se concretizar e por essa razão está associado
à capacidade de cada um de discernir o que é real e o que é fantasia produzida
pela imaginação, o segundo se manifesta por meio da descrição de uma cena que
de tão terrível, é capaz de congelar o corpo e, de acordo com Anne Radcliffe diminuir
nossa capacidade mental de pensar.
O horror encontra sua melhor representação
na nova fase do gótico, no romance O
monge (1796), de Matthew
Lewis (1775-1818), que não só provocou reações de temor, mas também causou
polêmica entre os críticos literários e leitores na época de seu lançamento. No
enredo deste, Lewis rompeu com a tradição Radcliffiana do
“gótico explicado”, por meio da descrição de eventos sobrenaturais, que
permanecem sem explicação em seu desfecho, e ambientou-a durante a Inquisição Espanhola,
de modo a evocar os horrores e terrores dessa época. É também no final do
século XVIII, que se iniciou na Inglaterra o movimento romântico, com a
publicação da coletânea de poemas Lyrical
Balads (1798), de autoria de
Samuel Colerigde (1875-1912) e William Wordsworth (1770-1850). É por meio dessa
obra, na qual Colerigde constrói atmosferas de terror e horror e retoma a
ambientação medieval-romântica em Cristabel. Dessa forma, o discurso gótico começou a
transformar-se e, posteriormente dá origem àquele que é considerado o maior
romance gótico-romântico: Frankenstein,
ou O Moderno Prometeu (1818),
da escritora Mary Shelley (1797-1851).
Nenhum comentário:
Postar um comentário