quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

As metamorfoses de Drácula nas telas de cinema (parte 03)



O primeiro filme baseado em Drácula é uma releitura não-creditada que embora se aproprie somente de alguns elementos de sua trama original, principalmente, os que integram sua primeira parte, foi aquele cujo personagem central melhor se aproxima do vampiro imaginado por Bram Stoker. Trata-se de Nosferatu: uma sinfonia de horrores, realizado pelo cineasta alemão F. W. Murnau em 1921 que, posteriormente, tornou-se um clássico e, também é reconhecido por ter estabelecido as características que definiriam o gênero do horror. Nele, destaca-se a figura repulsiva do vampiro, que devido à recusa da viúva de Stoker em ceder os direitos autorais, é chamado de Conde Orlok em vez de Drácula, cuja aparência mistura vários tipos de roedores, promovendo sua associação com a Peste Negra. Assim como o personagem de Stoker, ele habita um castelo decadente e sinistro e após negociar a compra de a antiga propriedade (a ação é transposta de Londres para a cidade alemã de Wismar) mantém o jovem Jonathan como seu prisioneiro. Também da mesma forma que Drácula, o vampiro assim que chega à cidade começa espalhar a morte entre seus habitantes.   
Apesar de trazer as marcas do tempo, Nosferatu ainda impressiona por sua sofisticação técnica, embora obtida por meio de recursos que se revelam bastante simples. Dentre suas imagens, destaca-se a assustadora floresta de árvores espectrais que balançam em torno do castelo enquanto o assustado Jonathan Harker se aproxima dele. Além dela, também preservam o impacto visual as cenas em que o vampiro é mostrado se movendo em uma velocidade frenética, ou por meio de planos ligeiramente enviesados e com ângulos de câmera desconcertantes, que produzem uma constante sensação de ameaça. Também é importante enfatizar o momento, um dos mais assustadores do cinema de horror, no qual somente é mostrada a imensa e disforme sombra do vampiro, que se alastra pelas paredes que lentamente se aproxima de sua vítima. Uma cena tão poderosa em seu aspecto imagético que se tornaria iconográfica no gênero do horror e, que posteriormente seria retomada e revista na versão de Drácula realizada por Coppola nos anos 90. 

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