O primeiro filme baseado em Drácula é uma releitura não-creditada que embora se aproprie
somente de alguns elementos de sua trama original, principalmente, os que
integram sua primeira parte, foi aquele cujo personagem central melhor se
aproxima do vampiro imaginado por Bram Stoker. Trata-se de Nosferatu: uma
sinfonia de horrores, realizado pelo cineasta alemão F. W. Murnau em 1921 que,
posteriormente, tornou-se um clássico e, também é reconhecido por ter
estabelecido as características que definiriam o gênero do horror. Nele,
destaca-se a figura repulsiva do vampiro, que devido à recusa da viúva de
Stoker em ceder os direitos autorais, é chamado de Conde Orlok em vez de
Drácula, cuja aparência mistura vários tipos de roedores, promovendo sua
associação com a Peste Negra. Assim como o personagem de Stoker, ele habita um
castelo decadente e sinistro e após negociar a compra de a antiga propriedade
(a ação é transposta de Londres para a cidade alemã de Wismar) mantém o jovem
Jonathan como seu prisioneiro. Também da mesma forma que Drácula, o vampiro assim
que chega à cidade começa espalhar a morte entre seus habitantes.
Apesar de trazer as marcas do
tempo, Nosferatu ainda impressiona por sua sofisticação técnica, embora obtida
por meio de recursos que se revelam bastante simples. Dentre suas imagens,
destaca-se a assustadora floresta de árvores espectrais que balançam em torno
do castelo enquanto o assustado Jonathan Harker se aproxima dele. Além dela,
também preservam o impacto visual as cenas em que o vampiro é mostrado se
movendo em uma velocidade frenética, ou por meio de planos ligeiramente
enviesados e com ângulos de câmera desconcertantes, que produzem uma constante
sensação de ameaça. Também é importante enfatizar o momento, um dos mais
assustadores do cinema de horror, no qual somente é mostrada a imensa e
disforme sombra do vampiro, que se alastra pelas paredes que lentamente se
aproxima de sua vítima. Uma cena tão poderosa em seu aspecto imagético que se
tornaria iconográfica no gênero do horror e, que posteriormente seria retomada
e revista na versão de Drácula realizada por Coppola nos anos 90.
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