Realizada em 1958 pela produtora
inglesa Hammer, que posteriormente, viria a se tornar uma verdadeira fábrica de
monstros e, também “ressuscitou” Frankenstein e O Médico e o Monstro. “Drácula”:
O Vampiro da Noite apesar de ser uma produção barata tem sua importância
reconhecida pelo modo como reproduz os cenários góticos, que ajudam a criar uma
atmosfera de terror, algumas passagens que evocam a trama original de Stoker e,
principalmente, por ter dado uma nova e assustadora configuração ao Conde
Vampiro.
Interpretado com eficiência pelo
ator inglês Christopher Lee, Drácula inicialmente, aparece como um homem
taciturno, que se comunica com poucas palavras, mas que em um determinado
momento revela ser um vampiro em uma cena emblemática que posteriormente também
se tornaria iconográfica na filmografia do horror, na qual ele aparece com os
olhos inflamados de sangue, e, por sugerir contaminação é capaz de criar um
efeito assustador. Por outro lado, este novo Drácula investe na sensualidade, uma
vez que o vampiro é capaz de exercer sobre suas vítimas, todas elas do sexo
feminino, uma espécie de transe hipnótico quando olham diretamente para ele. Nas
cenas de ataque o momento da mordida é somente sugerido, por meio de imagens de
janelas fechadas, o que evoca a intimidade sexual. Dessa forma, o Conde Vampiro
de Lee assim como tinha sido o de Lugosi é uma espécie de versão pervertida de
Dom Juan, que ao mesmo tempo em que consegue conquistar as mulheres, desperta o
ódio nos homens. Contudo, Lee por meio de sua composição, na qual se destaca os
gestos e olhares maliciosos, consegue tornar seu “Drácula” mais misterioso,
sinistro e, por isso, mais ameaçador do que aquele encarnado por Lugosi. Também
neste filme o aspecto sensual do livro de Stoker é enfatizado, por meio da
presença de mulheres recatadas que após serem mordidas pelo vampiro se tornam agressivamente
sensuais-essa mudança é representada pela mudança de figurino, uma vez que elas
aparecem com roupas que acentuam os seios por meio de generosos decotes-, e a
partir de então elas passam a ameaçar também por meio da mordida transformar
seus parceiros em outros vampiros, o que realça ainda mais o forte apelo
erótico do filme.
Também é importante enfatizar que
nesta versão enquanto Drácula assume sua faceta mais sensual e agressiva, seu
adversário o Dr. Van Helsing é totalmente o oposto. Ou seja, ele é frio, isento
de emoções e puramente racional. Interpretado por Peter Cushing com certa dose
de humor britânico e ironia, o inimigo do Conde Vampiro à maneira Sherlock
Holmes tenta encontrar uma resposta lógica para todos os eventos, até mesmo aqueles
que envolvem manifestações sobrenaturais e após tomar conhecimento de elas
estão sendo causadas por Drácula, ele inicia uma perseguição implacável que tem
objetivo destruí-lo.
Dessa forma, o filme estabelece
um diálogo intertextual com a obra original de Stoker, em sua parte final que
remete ao momento em que
Drácula perseguido por seus inimigos busca refúgio em seu
castelo, onde é destruído pela ação da luz do sol, o que posteriormente, viria
a tornar-se um lugar comum em outras produções de qualidade cada vez mais inferior,
nas quais Conde Vampiro como uma fênix, sempre renasce da morte.
Apesar de tomar muitas liberdades
que o distanciam do texto original, este filme dirigido com habilidade por
Terence Fisher contribui de modo significativo não só para dar uma nova imagem a
Drácula, de modo a torná-lo mais ameaçador, mas também indiretamente para
assegurar a permanência do romance de Stoker, que sobrevive até em época atual
em parte devido a sua popularização por meio de suas adaptações cinematográfica.
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